sábado, maio 29, 2004

Solidão

Solidão que destroça o peito,
Que faz da alegria, da vida, grande tédio,
Que cresce, toma forma sem remédio,
Apenas pelo homem assim ter feito;

A solidão sempre bate na porta,
Por ser tão só e ter assim nascido,
E mesmo o coração ferido,
Rejeita a solidão, quer vê-la morta;

Se pudessemos unir a solidão, que é calma,
Com a paz alegre que sempre reanima,
Fazendo o tédio pelo mutante, ter estima,
Completando então as nossas almas...

Sentir-se só, sentir-se simplesmente assim,
Mas ser a mansa solidão, ser calma,
Sentir-se presente, sentir-se apenas alma,
E esperar unificar-se ao fim!

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O Mundo à minha volta (Cap IV)

De repente, a conversa dos dois foi interrompida pelo cantarolar alegre e divertido do ‘Jingle Bell’ por um grupo de jovens. Todos abraçados e contentes percorrendo as ruas. As pessoas que se iam cruzando com eles esboçavam um sorriso que crescia gradualmente à medida que os rapazes iam passando por elas. Outras até trauteavam a cantiga baixinho. Houve até um senhor que só fazia ‘lá, lá, lá’ porque dizia que tinha muita dificuldade em decorar as letras das canções estrangeiras. As pessoas ficavam quase contagiadas vendo aquela boa disposição.
- Afinal... – disse Sara – é mesmo isto que se quer. Ter espírito natalício: boa disposição, acima de tudo. Vê lá é se melhoras esse teu humor, já que estou a reparar que hoje deves ter acordado ‘com a telha’.
- Dá cumprimentos ao pessoal que está contigo na universidade. – disse Mário, despedindo-se dela.
Continuou pela rua fora, reflectindo sobre a conversa que tivera. Concluiu que afinal não valia a pena estar com aquele estado de espírito mais cinzento do que uma nuvem carregada de chuva. Era Natal, tempo de paz e amor, fraternidade e amizade. Enquanto descia a rua vieram-lhe à memória todos os amigos que tivera, e aqueles que tinha naquele momento. Lembrava-se dos momentos alegres que passara com todos eles. E todos os momentos eram genuínos, puras manifestações de amizade... já tivera grandes amigos. Alguns por consequência da lei natural, apenas residiam na sua memória; outros seguiram o rumo das suas vidas, tal como Sara, mas a esta ainda a via algumas vezes já que os locais que frequentavam eram os mesmos. Mas com os outros, tinha deixado de se contactar com frequência, até que chegava a um ponto em que essa falta de contacto se tornava definitiva. Apesar disso, era uma pessoa que gostava de manter o seu círculo de amigos, embora ao longo dos anos já tinha feito parte de grupos completamente distintos. Cada um com características e pessoas especiais. Eram essas mesmas características e pessoas que ele recordava agora enquanto se dirigia para casa, já que tinha chegado a hora do almoço. Ao mesmo tempo que recordava as amizades, passou a recordar os conflitos. Mário era uma pessoa que não conseguia assistir a conflitos entre os seus próprios amigos. Sempre que tinha oportunidade, tentava conciliar os outros. Até havia quem dissesse que ele teria sucesso como apresentador de um daqueles programas sentimentais que eram um êxito na televisão. Conhecia pessoas que viviam sérios problemas com as suas amizades. Uns que só viviam para um determinado amigo. Ele considerava isso uma atitude nobre mas que muitas vezes poderia tornar-se sufocante ou doentia. Quase como uma obsessão. Outros ainda, zangavam-se por tudo e por nada e nunca mantinham uma amizade durante muito tempo. Mário chegava a dizer-lhes, brincando com a situação: “Caramba! Vocês nunca se deram bem, é agora que se vão dar mal?”. No fundo, mesmo tendo a reputação de conciliador defendia que por vezes um pequeno atrito talvez fosse necessário, porque achava que era na adversidade que se descobria a verdadeira amizade.
Entretanto já tinha chegado a casa, mas ainda se estava a lembrar dos seus amigos. Sentou-se no sofá, recostou-se, fixando o estuque branco do tecto como se fosse uma tela do cinema, e por fim rebobinou um filme que tinha guardado em si e projectou-o na sua memória. Imaginou um barco no alto mar. De porte pequeno, o barco ia navegando ao sabor da corrente, atravessando um imenso oceano. Logo a seguir, surgia uma enorme tempestade. O pequeno barco balouçava agora nas ondas cada vez maiores. O vento inclinava-o de tal maneira que o mastro do barco quase tocava na água. O barco era uma autêntica casca de noz no meio daquele gigantesco ocenano. A chuva era tanta que já o tinha inundado quase por completo. Subitamente a tempestade tinha amainado, mas o barco ainda lá estava. Ainda balanceava com a última ondulação, mas estava intacto e capaz de prosseguir viagem. Fim do filme.
A amizade, para Mário era isso mesmo, como um navio, que só mostra a sua verdadeira qualidade no meio das maiores tempestades... Mas algo começava a atormentá-lo. Era uma tempestade chamada Alice.

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quinta-feira, maio 27, 2004

Metamorfoses na Distância

O tempo muda tudo. Tudo muda no tempo.
A tua metamorfose...
E a distância...
A tua inquisição culpa a distância...
Viras o tabuleiro do jogo e invertes a situação
Num gesto psicológico que tão facilmente sabes manipular.

Eras uma borboleta, transformaste-te em larva...

E é tempo muda tudo... e tudo muda no tempo...

E a distância muda tudo...

Mas... e por dentro...?

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domingo, maio 23, 2004

O Mundo à minha volta (Cap III)

Olhou para o céu. Naquele momento, os tímidos raios de sol tinham sido vencidos por uma típica nuvem de inverno. Foi então que Mário reparou nos enfeites que decoravam a rua: luzes em arcos coloridos, a figura de um homem de barbas muito brancas, todo vestido de vermelho. Eram sinais que indicavam uma época que se avizinhava, onde era tradição adquirir um espírito diferente dos restantes meses do ano.
- Sempre com a cabeça nas nuvens, caramba! – dizia uma voz feminina – Mas desta vez parece que a deixaste lá, vendo pela forma como olhas lá para cima...
Mário voltou a cabeça para ver de quem era aquela voz:
- Sara! Bom dia! Ó pá, já não te via há que tempos!
Sara era uma jovem que estudara com ele até terem seguido vias diferentes quando entraram para a faculdade,ou melhor, tinham deixado de se ver desde a altura em que ela entrara para a faculdade e ele não. No tempo em que estudavam juntos, eram os dois "unha com carne. O ‘duo dinâmico’, era assim que se chamavam, sempre que eram bem sucedidos nas alturas dos testes, quando conseguiam copiar sem o professor ver, utilizando ‘técnicas sofisticadas’.
- Que bom que é encontrar-te, vadio! – dizia ela, ao mesmo tempo que o cumprimentava com dois beijos.
- Igualmente, Sara. Mas vadia deves ser tu lá na universidade. Isto agora é que deve ser só farra, não?. A tua cadeira favorita deve ser ‘Sociologia Nocturna’, ou por aí...
- Lá estás tu... nunca perdes esse teu sentido de humor mais seco que um bacalhau... e por falar em bacalhau, não sentes já aquele cheirinho de Natal?
- Pois, pois... Eis a épica em que se celebra o nascimento Daquele em quem cada vez mais são os que deixam de acreditar, mas apesar disso, não deixam de celebrar o Seu nascimento. Está a chegar a altura do ano em que as pessoas se lembram que afinal os pobres existem e até precisavam de um pouco de dignidade nesta altura do ano, tão especial, mas são capazes de entrar numa loja de roupa e comprar um casaco para a tia, umas calças para o filho, um anel para a namorada, um chapéu para a sogra e não se lembrarem, já agora, de gastar mais um pouco e oferecer um agasalho ao pobre que pede esmola à porta dessa mesma loja... isto porque o Menino Jesus nasceu pobre e foram reis, os reis Magos que lhe trouxeram as prendas.
- Quem má onda, Mário. Mas sinceramente, acho que o que dizes tem uma ponta de verdade. Afinal de contas, os recém nascidos e os pobres, é que deviam ser lembrados nesse dia. Ás vezes é preferível dar algo mais necessário do que apenas dinheiro. Uma pessoa que não esteja habituada a geri-lo, não o irá usar de forma útil em seu benefício... Talvez fosse melhor oferecer uma refeição quente ou um agasalho confortável, do que moedas, que se juntando à sovinice das pessoas, ao fim do dia mal dá para alguma coisa.
- Mas quando algumas pessoas se cruzam com um pobre, nesse mesmo momento ele torna-se invisível e inaudível. E tu nem imaginas o quanto dói sentirmo-nos ignorados. Mas a consciência do ‘cidadão’ permanece tão branca como as barbas do Pai Natal... que por sinal também é uma figura que praticamente somos obrigados a esquecer à medida que vamos crescendo.
- Não estou a entender, Mário.
- É simples. Se tu com esta idade, dissesses que acreditavas no Pai Natal, achavam-te ridícula.
- Mesmo não acreditando num Pai Natal concreto deveríamos tentar descobrir o Pai Natal que temos dentro de nós e darmos uns aos outros, prendas que nenhum dinheiro pode comprar: a nossa amizade, afecto, compreensão... enfim, uma montanha de prendas que todos temos tanto para dar, e muitas vezes ficamos apenas à espera que elas nos sejam oferecidas.
- Sabes... quando achamos que não conseguimos obter essas ‘prendas’ que tanto queremos, esperamos por esta altura para as comprarmos com as outras prendas. Conheço pessoas que se tornam automaticamente solidárias e compreensivas, apenas para merecerem um anel bonito ou um perfume caro... e depois... depois esgota-se o sentimento e só resta esperar pelo próximo Natal.
- Caramba Mário... custa a perceber como é que uma pessoa como tu, não se deixe envolver pelo espírito natalício.
- Qual espírito, qual quê... Que queres que te diga? Custa-me a entender como é possível a capacidade que algumas pessoas têm para possuir uma dupla consciência. Num só acto dividem a sua consciência em duas partes: a primeira é aquela que as leva a sentirem-se felizes porque os seus familiares e amigos vão ficar radiantes com os presentes que lhes vão oferecer. Mas ao mesmo tempo a sua consciência já lhes começa a pesar, porque sabem que o dinheiro até era pouco, e tiveram que pedir algum emprestado, ou trabalhar horas extraordinárias para juntar mais algum, sabendo que vão ficar endividados nos próximos meses.
- E queres dizer que assim, a ‘Noite feliz, Noite de amor...’ transforma-se numa noite de arrependimento. É isso que queres dizer?
- Exactamente. Quando o nosso cidadão verificar que “afinal gastei tanto dinheiro neste perfume e a minha mulher não gosta dele...” ou pensamentos sobre os amigos: “Aquele sacana... Então, tanto sacrifício para lhe oferecer aquela garrafa de Whisky, que me custou os olhos da cara, e o filho da mãe só me dá esta caneta de tinta permanente que não vale um chavo...!” Eis aqui então, a noite eleita pelos homens para confraternizarem entre a família que só nesta altura do ano se une, mas esquece-se que teve muitos fins-de-semana ao longo dos meses anteriores e nunca os aproveitou; e onde a intenção de oferecer algo com o objectivo de celebrar mais um ano em que nos encontramos vivos e juntos e temos o prazer de estar presentes com aqueles que mais amamos, e dar o prazer da nossa presença aos que nos amam também. Aí é que reside toda a nobreza do Natal!
Foi então que Sara tentou convencer Mário:
- Mas apesar de tudo isso, o Natal não será tão mau como o descreves. Tenho quase a certeza que quando eras mais pequeno, vivias um enorme entusiasmo, naquela noite mágica em que viria o Pai Natal, trazer-te aquela prenda que durante tanto tempo desejavas e até sonhavas com ela. Aposto que era uma noite repleta de mistério... um mistério tão doce como os doces que estavam em cima da mesa. Até o aroma que pairava no ar, devia ter uma composição completamente distinta. E não me digas que não ficavas com aquele nervoso miudinho, porque querias dormir o mais depressa possível, mas não conseguias, para que no dia seguinte logo de manhã bem cedinho te levantasses muito sorrateiramente para chegar junto ao pinheirinho e rasgares o embrulho do teu presente. E: Alegria!! Alegria!! “Uau !!! O carro telecomandado à distância... E já traz pilhas... ‘Vrum, vrum, vruuuuuuum...’ E lá ias tu pela casa fora com o teu novo carro, guiando com uma tal perícia que faria inveja a muitos condutores de competição.
Mário já não dizia nada. Afinal de contas, o que ela lhe dizia era a mais pura das verdades. Não havia nada que fosse igual àquela noite fantástica.

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sábado, maio 15, 2004

O Mundo à minha volta (Cap II)

Olhou para o relógio. Já eram dez horas em ponto. Quase ao mesmo tempo, o seu estômago já estava a dar horas. Não quis tomar o pequeno almoço em casa. Resolveu ir a um café. Até que viesse o empregado para o atender, estava ainda na dúvida sobre o que iria comer ao pequeno almoço. Talvez o empregado do café ficasse admirado se ele fizesse um pedido do tamanho de uma ceia medieval ou o típico pequeno almoço inglês. Logo de repente, Mário pensou: “Mas então, não foi hoje que eu resolvi andar a pé para perder peso? Claro, nunca é tarde para iniciar uma boa dieta! É claro que tenho que comer menos...” O seu pensamento foi imediatamente interrompido com um mecânico «Bom dia. Faz favor, o que deseja?» Mário levantou a cabeça em direcção ao empregado que ligeiramente curvado para ele, numa sublime atitude de submissão, aguardava de pé o seu pedido equilibrando uma bandeja metálica na mão. Acabou por pedir uma torrada e um café. A partir de agora, iria fazer dieta! Mas nada de dietas como as daquelas senhoras que têm problemas de gordura, que não comem pão, porque não perceberam a lógica do organismo. “Elas que continuem a comer as tais bolachas de contraplacado e a molhá-las em água mineral. E que no fim equilibrem a mistura com um café.” Quando foi servido, olhou para a pequena chávena que deixava sair um suave vapor. Reparou na sua torrada e fixou a manteiga que a envolvia numa suave textura. Essa combinação fez-lhe lembrar a sua relação amorosa. No início, tudo era maravilhoso, quase como num filme romântico, em que o mundo seria conquistado por ele e por ela, já que seriam uma equipa invencível. Faziam a combinação perfeita, adquirindo um sabor extraordinário reforçado pelos tórridos momentos que os dois não podiam deixar de viver. Mas tal como uma torrada com óptimo aspecto que é deixada arrefecer em cima da mesa, quando a manteiga fica seca e se entranha na textura do pão tornando-o mole, assim foi o que aconteceu com a sua relação. A sua manteiga, que ao início era tão suave e calorosa após se ter entranhado nele, que era o pão, tinha secado. E ele, tal como o pão da torrada, ficou mole e triste. Essa manteiga que fazia parte do seu “puzzle” desistiu de todas as promessas de conquistar o mundo a dois e foi conquistá-lo sozinha.
Depois de ter pago a torrada já seca e o café já frio, voltou à rua. Reparou nas montras. Viu nelas chamarizes típicos de uma sociedade de consumo que se estava a transformar e a reformar a uma velocidade incrível, onde as pessoas deixavam de ter tempo para se olharem nos olhos, porque já estavam muito ocupadas a olhar para os vidros que as separavam dos seus desejos e sonhos, das suas fantasias, e que procuravam tal como um radar sofisticado, tudo o que lhes pudesse indicar uma possibilidade para que esses desejos se realizassem. “Saldos”, “Promoção” e toda uma elite de palavras que funcionavam como um semáforo para carteiras, cartões de crédito e tentações. “Será que existe alguém, que consiga resistir a essas tentações?”, pensava ele “Bem, se realmente existir alguém assim, devia ser considerado um herói...”Dobrou a esquina e entrou por outra rua...

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O Mundo à minha volta (Cap I)

O dia estava frio. Os raios de sol conseguiam aquecer muito levemente a terra ainda húmida devido à chuva que se tinha feito sentir na noite anterior. Eram oito da manhã, quando Mário se levantou. Acordou com uma sensação de vazio. Pensou por momentos se não seria o seu estômago a dar horas mas... sentia afinal, que lhe faltava algo que dantes ocupava um enorme espaço dentro dele... sentia agora falta daquilo que nunca se apercebera: a sensação de estar completo...
Faltava-lhe algo que fazia com que a sua vida adquirisse sentido, tal como um “puzzle” ao qual lhe faltam algumas peças centrais que serviriam para concluir a imagem. Uma imagem bonita de se ver, mas que sem elas deixaria de ter um certo sentido. Talvez até nem valeria a pena o trabalho que se teria juntando-as aos poucos, para depois concluir que entretanto, as mais importantes haviam desaparecido.
Estava a começar a ganhar consciência de que com o passar do tempo, outras peças iriam também desaparecer e por isso teria que olhar bem para elas e fixar o fragmento de imagem que cada uma delas possui. Nenhuma daquelas peças estava livre daquele destino, incluindo a peça principal: Ele. Resolveu tomar uma decisão importante. Decidiu sair à rua, para que pudesse investigar o que é que lhe faltava.
Em primeiro lugar, abriu a janela do quarto, e deixou que o seu interior fosse brindado pelos tímidos raios de sol, que levemente lhe beijavam a face, brindando-o com uma quente fragrância, dando-lhe uma sensação reconfortante. Foi nesse instante que pensou: “O sol quando nasce é para todos! Sempre é bom sentir que somos acalorados por esse gigante. Durante milhões e milhões de anos, nos tem feito companhia, e já viu nascer e morrer um incontável número de gerações... mas como será o seu fim? Estará o sol velho? Bem, imagino que se assim fosse verdade, e o sol pudesse falar, as histórias que ele nos contaria com toda a sabedoria que só um ancião pode ter...”

Quinze minutos depois de ter acordado, como sempre cumpria o velho ritual da manhã. Vestiu um roupa qualquer, já que aquele dia não era especial. Sentou-se na sua secretária e abriu a agenda, verificando quais eram as tarefas que tinha a cumprir naquele dia, embora tendo plena consciência de que essas eram as tarefas que ficaram por cumprir no dia anterior e que no dia seguinte ainda estariam incompletas. Mas esta era uma rotina que lhe servia para reflectir um pouco sobre a forma como o mundo avança... e acabou por fechar a agenda sem sequer ter reparado no que lhe faltava fazer.
Já que ia partir na “missão” de descobrir o que lhe faltava, pensou que nada era melhor do que deixar o carro na garagem. Assim era menos um ser humano a poluir o planeta. Até porque estava a precisar de perder peso e um pouco de actividade até lhe faria bem: “ É isso! Vou a pé, que raio... pensando bem, até preciso de andar a pé pelas ruas. Assim como quando ia para a escola primária: sem pressa nenhuma, a pôr os pés nas poças, a saltar três degraus de cada vez, a parar para ver uns miúdos a trocar cromos dos Pokemons ou para me rir sozinho ao ouvir duas velhinhas a dizerem mal de uma vizinha. Para ter a oportunidade de cumprimentar aqueles que conheço e mesmo aqueles que já não via há muito tempo. Sempre é mais divertido (ou, pelo menos dá para variar) do que calcorrear supermercados e centros comerciais.” Não tinha nada a ver com aquele correr, sem nada para ver que às vezes Mário usava para percorrer a distância, que queria sempre o mais curta possível. Mas acima de tudo, ficava contente por estar um daqueles dias de sol de inverno, o que lhe dava um gozo enorme por estar vivo.

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sábado, maio 08, 2004

Visita de médico

Só cá vim para dizer uma coisa que já foi dita muitas vezes: Reconhecemos as nossas acções nas reacções dos que nos rodeiam...

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